Eleições 2018: Efeito Lava-Jato acirra guerra pelo espólio de Lula
Centro-direita se divide e pode ficar fora do 2º turno
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Eleições 2018
13 de Abril de 2018
Efeito Lava-Jato acirra guerra pelo espólio de Lula
A seis meses da votação de outubro, a única certeza em relação ao pleito é que seu maior protagonista será, inevitavelmente, a Operação Lava-Jato. Foi ela que encarcerou o ex-presidente Lula, líder de todas as pesquisas, e atingiu em cheio os principais nomes do PSDB. Seus efeitos ainda atordoam os presidenciáveis e seus partidos, tornando ainda mais instável a bolsa de apostas eleitoral. Esta newsletter sobre as ELEIÇÕES 2018 – que se inicia hoje e terá edições sempre às sextas-feiras – traça um panorama do quadro político que começa a se delinear após a prisão do petista. E que promete capítulos ainda repletos de reviravoltas.
Líder nas pesquisas, o deputado Jair Bolsonaro conseguiu como ninguém catalisar o antipetismo radical que emergiu após a eleição de 2014 e a debacle econômica provocada pela ex-presidente Dilma Rousseff. O que ninguém ainda consegue responder é se sua capacidade de angariar apoiadores pelas redes sociais será suficiente para garantir sua chegada ao segundo turno, uma vez que lhe faltam estrutura partidária, tempo de televisão e um projeto que vá além do tão bradado "prende e arrebenta".
Embora figure em segundo lugar nas pesquisas, Marina Silva viu sua popularidade declinar continuamente desde a derrota em 2014. Após perder aliados e ver seu novo partido reduzido a uma turma de fiéis seguidores, Marina ainda pena para explicar em que campo se colocará.
Egressa do PT, a ex-senadora foi alvo de duros ataques de Dilma Rousseff em 2014 e acabou apoiando Aécio Neves no segundo turno. Dois anos depois, defendeu o impeachment de Dilma e, no lançamento de sua candidatura, horas antes de Lula se entregar à polícia, afirmou que a prisão do ex-presidente mostra que a "lei é para todos". Se isso afasta Marina da esquerda, seu discurso contrário à privatização da Eletrobras e à independência do Banco Central tampouco abre espaço entre os liberais.
Na centro-direita, a principal ameaça é a mesma: a pluralidade de concorrentes no mesmo campo. Há mais de um ano, o ex-governador Geraldo Alckmin joga parado, na expectativa de que por inércia esses votos caiam em seu colo – como ocorreu com todos os tucanos que disputaram desde 1994. Desta vez, no entanto, a dificuldade de crescimento do paulista levou ao surgimento das pré-candidaturas de Álvaro Dias, Rodrigo Maia e Henrique Meirelles, dando ânimo até ao presidente Michel Temer. Se mantidas, elas podem dividir o eleitorado e fazer com que pela primeira vez desde 1989 os tucanos fiquem fora do segundo turno.
Na quarta-feira, Alckmin recebeu o melhor presente que um candidato poderia ter neste ano, com o pedido da Procuradoria-Geral da República, atendido pelo Superior Tribunal de Justiça, de que as investigações sobre caixa dois em suas campanhas se restrinjam à esfera eleitoral. Assim, livrou-se de responder por crime comum.
Nos próximos meses, o inevitável e salutar escrutínio da campanha eleitoral deve desnudar os vícios e as verdadeiras convicções dos principais candidatos. A tendência, como sempre ocorre, é que os eleitores se aglutinem entre os atores mais competitivos de cada campo. Através desta newsletter, estaremos juntos nesta jornada que só se encerrará em outubro, quando as urnas falarão.