A sede do Supremo Tribunal Federal foi alvo de um ataque na noite de sábado, o que motivou reações de ministros da Corte e a abertura de inquérito pelo Procuradoria-Geral da República. Durante o protesto, um grupo disparou fogos de artifício contra o prédio, xingou ministros e afirmou que o ato era um “recado”.
O presidente do STF, Dias Toffoli, reagiu, pedindo investigação e dizendo que o ato “simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas”. Ele apontou haver respaldo de integrantes do Estado a manifestações como essa. Outros ministros do STF também se manifestaram.
A resposta coordenada foi motivada também pela presença do ministro da Educação, Abraham Weintraub (foto), em ato na manhã de domingo. “Já falei minha opinião, o que faria com esses vagabundos”, disse, em referência à declaração em que pediu a prisão dos magistrados.
Repercussão: o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge de Oliveira, repudiou o ato de sábado. Já o ministro da Justiça, André Mendonça, disse, sem mencionar o ataque, que é preciso “respeitar a vontade das urnas e o voto popular” e pregou “autocrítica a todos”.
Em paralelo: manifestantes contrários e favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro foram às ruas em São Paulo e Brasília ontem. Ao contrário de domingos anteriores, os atos terminaram sem confronto com a Polícia Militar.
Outro olhar: apesar do embate com o governo federal durante a pandemia do coronavírus, governadores adotam cautela e estão evitando os protestos contra Bolsonaro. A avaliação é que participação daria cunho eleitoral à disputa.
As notificações de coronavírus alcançaram 867.882 casos no país. Nas últimas 24 horas, foram 17.086 novos testes positivos, mostram dados compilados pelo consórcio de veículos de imprensa.
A primeira parcela do repasse da União para socorrer os governos estaduais, de R$ 9,2 bilhões, não cobre a queda na arrecadação entre abril e maio de 13 estados. Em dez, o valor supera o rombo registrado. São Paulo registra a maior discrepância: faltam R$ 2,8 bilhões.
A próxima parcela será paga no dia 13 de julho. Enquanto isso, secretários de Fazenda se articulam para pedir ao governo uma nova rodada de socorro. O pedido para estender o pacote por até quatro meses deve ser formalizado esta semana. Especialistas afirmam que a crise reforça a necessidade de adoção de medidas de austeridade.
Jair Bolsonaro mudou sua forma de agir em relação ao Congresso pelo temor de um processo de afastamento e deve participar de forma ativa da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. O fato de a palavra impeachment passar a ser corriqueira no Salão Verde tornou mais relevante a cadeira, que já foi trampolim para políticos. Leia a análise de Eduardo Bresciani
Indefinição sobre a realização do Festival Folclórico de Parintins, que no ano passado recebeu 66 mil turistas, preocupa por perdas econômica e simbólica
A missão institucional das Forças Armadas “não acomoda o exercício de poder moderador”, afirmou o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, em decisão liminar que delimita a atuação dos militares no país. Fux destacou, ainda, que as Forças não podem ser usadas contra outros Poderes constituídos.
A decisão foi tomada em uma ação em que o PDT pediu para a Corte esclarecer as atribuições dos militares. A polêmica ganhou notoriedade após o vídeo da reunião ministerial em que o presidente Jair Bolsonaro afirma existir um dispositivo na Constituição que permite intervenção militar para restabelecer ordem diante de conflito entre os Poderes. Fux esclareceu que não há essa previsão na Constituição.
O que foi dito: antes da decisão, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que é general da ativa, descartou risco de golpe militar no país, mas afirmou que o “outro lado” não pode “esticar a corda”.
País com o segundo maior número de contágios por coronavírus desde 22 de maio, o Brasil agora é, também, o segundo com mais mortes por Covid-19 . O país registrou 843 casos fatais nas últimas 24 horas, o que elevou as notificações a 41.901 óbitos, patamar superior à contagem no Reino Unido. Apenas os Estados Unidos perderam mais vidas: 114.471.
O boletim divulgado às 20h pelo consórcio de veículos da imprensa registra ainda 24.255 novos casos de contaminação no país. Ao todo, 829.902 pessoas já foram infectadas. Mais cedo, a Organização Mundial da Saúde declarou preocupação crescente com a situação da pandemia no Brasil.
Em paralelo:83.118 profissionais da saúde contraíram o coronavírus no Brasil. Grupo representa 19% dos médicos, enfermeiros e auxiliares testados. Segundo o Ministério da Saúde, 169 morreram.
O ministério lançou novo site com dados sobre a pandemia no país. O portal dá mais destaque aos municípios e não permite mais acesso às tabelas que compilavam as notificações.
Outro olhar: um estudo pioneiro captou imagens do Sars-CoV-2, com auxílio de microscopia eletrônica, e revelou informações sobre a forma como o vírus se espalha pelo corpo. O estudo, que reuniu pesquisadores da UFRJ e da USP, pode favorecer avanço na busca por drogas que destruam o vírus. (versão anterior desta newsletter indicou equivocadamente que o estudo era internacional, mas ele foi 100% realizado pelas universidades brasileiras)
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, devolveu ao Palácio do Planalto a Medida Provisória 979, que dava poderes ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, para nomear reitores de universidades e institutos de educação sem consultar a academia. Em seguida, em ato simbólico, o presidente Jair Bolsonaro revogou a MP , que ele havia assinado na quarta-feira.
Alcolumbre justificou que a medida viola princípio constitucional da autonomia universitária. O Congresso já havia deixado de votar uma MP que alterava o processo de escolha de reitores, diminuindo o poder da comunidade acadêmica.
Em paralelo: o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, negou habeas corpus que pedia a retirada de Weintraub do inquérito que apura rede de fake news.
Viu isso?
Denúncias: após relatos no Twitter, alunas de colégio particular do Rio de Janeiro denunciaram assédio sexual de professores em sala de aula.
Sem informação: o Ministério da Família retirou dados sobre violência policial de relatório sobre violações aos direitos humanos.
Ataque filmado: uma câmera de hospital flagrou o início das agressões à médica Tyciana D’Azambuja que protestou contra festa no Grajaú, no Rio.
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