A participação do presidente Jair Bolsonaro em novo ato antidemocrático provocou críticas e manifestações de repúdio por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de governadores e de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Da rampa do Palácio do Planalto, Bolsonaro disse ter chegado “ao limite” e que não toleraria mais “interferências” de outros Poderes. O presidente, que na véspera havia se reunido com ministros e chefes militares, disse ter o apoio das Forças Armadas.
Em detalhes:apoiadores de Bolsonaro agrediram jornalistas que trabalhavam na cobertura do ato. As agressões ocorreram na data em que foi celebrado o Dia Mundial da Liberdade da Imprensa e geraram notas de repúdio de associações de jornalistas e integrantes do STF.
Fique atento: Bolsonaro disse que nomeará hoje um novo diretor para a Polícia Federal. Na semana passada, a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, ligado à família do presidente, foi suspensa por decisão do ministro Alexandre de Moraes.
O Brasil tornou-se o nono país a ultrapassar a marca de cem mil casos do novo coronavírus ontem, quando atingiu 101.147 infecções, e já é o sétimo com mais mortes, com 7.025 óbitos confirmados pelo Ministério da Saúde. O número real, no entanto, é maior, devido à alta subnotificação. O Imperial College, de Londres, projeta que até o pico da pandemia 20 milhões de pessoas podem ser infectadas, e até 60 mil morreriam.
Em detalhes: o país registrou 4.588 novos casos e 275 óbitos nas últimas 24 horas. O Rio de Janeiro, segundo estado com maior número de casos, chegou a 1.019 vítimas fatais. São Paulo, o primeiro da lista, tem 2.627 mortes. Veja os números de cada estado.
O que está acontecendo: o Brasil segue essa escala ascendente devido a políticas de saúde pública desencontradas, falta de testes para pacientes e baixo engajamento ao isolamento social, afirmam especialistas.
Panorama: a pandemia já se mostra mais letal na periferia do que em regiões mais ricas de São Paulo. Médicos e acadêmicos preveem que a doença vai castigar com mais força a parcela da população que historicamente sofre com a desigualdade social. Ao se espalhar por cidades do interior, que têm menor infraestrutura hospitalar, o vírus fará com que pacientes busquem unidades de saúde das capitais. Neste momento, a rede pública já enfrenta sinais de colapsos em estados como Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão. E hospitais privados seguem a mesma rota: a média de ocupação já é de 80% no Rio.
Atropelada pela pandemia, a década que se encerra em 2020 selou o pior desastre econômico do país em 120 anos. O Produto Interno Bruto (PIB) do país deve fechar a média do decênio iniciado em 2011 entre 0,1% e 0,3%, a depender dos impactos da crise do coronavírus. A pior década até agora havia sido a de 1990, com expansão média de 1,6%.
Por que isso importa: a “década perdida” coloca incógnitas no futuro da juventude brasileira, que enfrentará uma recuperação incerta sob a sombra do coronavírus, desemprego e desigualdade mais elevados e freio à mobilidade social, segundo especialistas.
Entrevista: a situação econômica atual vai afetar várias gerações no mercado de trabalho, afirma o economista Naercio Menezes Filho, do Insper. “O impacto será maior para os menos escolarizados e para os negros. Crises como essas sempre tendem a ampliar as desigualdades”, diz.
Pacote de socorro: governadores e prefeitos criticaram texto aprovado no Senado, e que vai à Câmara, sobre auxílio da União de R$ 60 bilhões e pressionam por aumento do valor do repasse.
Tendência on-line: com lojas físicas fechadas, o comércio eletrônico ganhou ao menos 4 milhões de novos clientes durante a pandemia.
Sinais de alívio: a Itália teve 174 mortes ontem, o menor número diário desde o início do confinamento. País começa a relaxar a quarentena hoje.
Futebol: o governo do Rio reforçou veto à volta dos treinos, desejado pelo Flamengo. Fluminense, Vasco e Botafogo vão aguardar autorização explícita de autoridades.