O procurador-geral Augusto Aras pediu ao Supremo Tribunal Federal que três ministros do governo Jair Bolsonaro prestem depoimento sobre tentativas do presidente interferir na Polícia Federal, conforme relatou o ex-ministro Sergio Moro. Aras também quer obter uma cópia do vídeo da reunião na qual Bolsonaro teria ameaçado Moro de demissão caso não concordasse com mudanças no órgão.
Os pedidos: o PGR quer ouvir os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Também há pedido para colher depoimento do ex-diretor Maurício Valeixo e de Alexandre Ramagem, que teve posse ao comando da PF barrada por Alexandre de Moraes, do STF. Aras pediu ainda perícia em dados extraídos do celular de Moro.
Por que isso importa: Bolsonaro tentou fazer essa indicação no ano passado, mas sofreu resistência interna da PF. Ao deixar o governo, Moro disse que o presidente tinha interesse em manter relação de proximidade com postos de comando na instituição e receber relatórios de inteligência.
Aconteceu ontem: Rolando Souza assumiu cargo numa posse relâmpago, menos de uma hora depois de ter sido oficialmente nomeado. A cerimônia foi realizada no gabinete de Bolsonaro, com a presença de outros ministros, sem convidados ou jornalistas.
Quem é: o novo diretor é delegado e ocupava a secretaria de Planejamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Era considerado o braço-direito de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin e nomeado anteriormente por Bolsonaro para o comando da Polícia Federal. No Planalto e na própria PF, há uma avaliação de que ele exercerá apenas um “mandato-tampão” enquanto Bolsonaro não resolve o impasse jurídico em torno da nomeação de Ramagem.
Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer, em ato antidemocrático, que tem o apoio das Forças Armadas, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou que Marinha, Exército e Força Aérea cumprem sua “missão constitucional” e “são organismos de Estado”. Ele também condenou as agressões de apoiadores de Bolsonaro a jornalistas.
Bastidores: ministros militares e integrantes das Forças Armadas afirmam, em conversas reservadas, que não participarão de rupturas institucionais. Eles compartilham entendimento crítico a decisões do Supremo Tribunal Federal sobre atos do governo, mas se preocupam em como Bolsonaro interpreta esse apoio. A avaliação é de que o presidente se expressa mal sobre o tema.
O Brasil rejuvenesceu a Covid-19, alerta a epidemiologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz. A maioria dos contaminados tem entre 20 e 39 anos, e o país tem percentual maior de mortes para pessoas com menos de 50 anos do que outras nações largamente afetadas pelo novo coronavírus, como Itália, Espanha e Estados Unidos. A face jovem do vírus se destaca no município do Rio de Janeiro, onde 43% das internações são de pessoas entre 30 e 49 anos.
Por que isso acontece: o fenômeno é resultado da combinação da pirâmide etária brasileira com o baixo grau de distanciamento social. O fator socioeconômico também influencia: “Os jovens em maior risco são os de classes mais baixas, que precisam sair para trabalhar. A doença espelha nossa demografia e nossa disparidade social”, afirma Dalcolmo.
Mais detalhes: o coronavírus também tem vitimado crianças. Apesar de não ser expressivo, o número de casos em menores de idade tem alertado especialistas. No Rio, 12% dos infectados têm menos de 9 anos.
Bolsonaro está diariamente transgredindo a lei, cometendo crimes de responsabilidade e crimes comuns, e vai chegar o momento em que retóricas dele e a dos que o combatem não serão mais suficientes
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Isolamento profundo: o governador do Rio, Wilson Witzel, está analisando proposta de “lockdown”, a restrição máxima aos serviços, feita por comitê científico.
Ajuda de risco: as ações da Embraer caíram 10,75% com possível socorro do BNDES, que pode chegar a US$ 1 bilhão. Empresa perdeu R$ 670 milhões em valor de mercado.
Planeta bola: Grêmio e Internacional retomam atividades hoje em Porto Alegre. No Rio, Flamengo recebe resultados de testes de jogadores e funcionários.
Laureados: Benjamin Moser, o biógrafo de Clarice Lispector, venceu o Prêmio Pulitzer, com a biografia da ensaísta americana Susant Sontag. Livro de Colson Whitehead foi eleito a melhor obra de ficção.
Antonio Jorge Ramalho, ex-diretor do Ministério da Defesa, analisa os limites e os perigos do uso das Forças Armadas na estratégia política do presidente