A investigação que culminou na prisão do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, sustenta que ele assumiu a liderança da organização criminosa que atuou por mais de uma década no Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Policias federais acusam Pezão de receber R$ 40 milhões da propina paga ao grupo entre 2007 e 2014. Em uma das frentes, ele cobraria "taxa" de até 8% em contratos do Estado.
Dinheiro ainda não foi encontrado O dinheiro, no entanto, ainda não foi localizado. A PF, sem provas físicas como extratos, notas de compras e contas no exterior, acredita que Pezão movimentou quantias em espécie e usou laranjas para fazer transações bancárias. Na conta corrente dele, há registros de poucos saques. Em entrevista durante a manhã, a procuradora-geral Raquel Dodge explicou que o objetivo da operação foi justamente descobrir como e onde Pezão ocultou a propina que teria recebido.
Prisão antecipada O pedido de prisão foi agilizado para antes do fim do mandato — em janeiro Pezão perderá o foro privilegiado, o que transfere o caso para a primeira instância do Judiciário. A antecipação ocorreu para evitar que eventuais documentos fossem perdidos e aumentar a chance de recuperar valores desviados. Autor da decisão que determinou a prisão, o ministro Felix Fischer , do Superior Tribunal de Justiça, argumentou que os desvios de dinheiro se intensificariam no fim da gestão.
Apesar disso, uma possível denúncia só deve ser apresentada no próximo ano, já ao juiz Marcelo Bretas, que conduz os processos da Lava-Jato no Rio e condenou Cabral. Pezão e outros presos da operação deverão responder por acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.
Promessa para Cabral O ex-governador, aliás, foi tema de uma conversa telefônica interceptada pelos policiais. Em diálogo grampeado, Pezão promete a um interlocutor que vai interceder para retirar Cabral de cela isolada no presídio Bangu 8. A conversa foi usada pelo ministro do STJ como justificativa de que o governador continua tendo conexão com a organização criminosa.