As Bolsas de todo o mundo tiveram ontem quedas históricas provocadas pela guerra de preço do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, após semanas de instabilidade por causa do medo do coronavírus. O Ibovespa caiu 12,17% , maior queda diária desde 10 de setembro de 1998. As empresas listadas na Bolsa de São Paulo acumularam perdas de R$ 432 bilhões. O impacto foi maior para as exportadoras de commodities. O valor de Petrobras e Vale caiu R$ 126,9 bilhões. O dólar fechou o dia cotado a R$ 4,728, apesar da venda à vista de reservas pelo Banco Central, de US$ 3,5 bilhões, e do anúncio de novo leilão , de US$ 2 bilhões, hoje.
Em detalhes: a Bolsa adotou ontem o circuit breaker, mecanismo que trava os negócios por 30 minutos. A última vez que ele havia sido acionado foi em 18 de maio de 2017, um dia após O GLOBO revelar o grampo do empresário Joesley Batista em que ele comprometia o então presidente Michel Temer.
Impacto nacional: após perder R$ 91 bilhões em valor de mercado, a Petrobras informou que suporta cotação baixa do barril de petróleo por até um ano. Em cenário de preços reduzidos, o Estado do Rio pode perder até R$ 2,3 bilhões em royalties neste ano.
O que fazer: a volatilidade do mercado deve continuar nos próximos dias, e investidores devem ter calma para e avaliar o nível de risco em sua carteira, aconselham especialistas.
Analítico: tombo da Bolsa reflete mistura de pânico, efeito manada e dúvidas sobre perspectivas do mercado, afirma Renato Andrade. “É como se 2019 não tivesse existido”, diz economista.
O que foi dito: a Organização Mundial da Saúde resiste em classificar o surto de coronavírus como pandemia. O diretor-geral da entidade, Tedros Ghebreyesus, disse que a ameaça “se tornou muito real”, mas ainda pode ser controlada.
Luciana Rodrigues, editora de Economia, e Fernanda Delgado, coordenadora da FGV Energia, explicam as razões do pânico no mercado e os efeitos no Brasil