Na contramão das medidas adotadas pelo mundo e da recomendação de autoridades de saúde, o presidente Jair Bolsonaro defendeu na noite desta terça-feira, em pronunciamento na TV, a reabertura do comércio e das escolas e o fim do “confinamento em massa” . Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia, mesmo com o aumento de contaminações, criticou autoridades estaduais e acusou a mídia de espalhar “pânico”. A pandemia já registrou no mundo mais de 420 mil contaminados e 18 mil mortos; o Brasil já teve 46 mortos e 2.201 contágios.
Bastidores: a avaliação de interlocutores de Bolsonaro é que o clima do Brasil pode ajudar as pessoas a resistirem aos efeitos da Covid-19 e citam o baixo número de mortes na Austrália.
Governador de São Paulo, estado que contabiliza 40 mortes por coronavírus, João Doria (PSDB) avisa que o pior da crise ainda não chegou. “Essa é a verdade que não se pode esconder. Temos que estar preparados para ela” , disse o político em entrevista ao GLOBO. O tucano tem reunião marcada para hoje com o presidente Jair Bolsonaro, com quem já trocou críticas durante a atual crise. Na entrevista, Doria defende as medidas de seu governo, diz que o estado tem testes disponíveis e estima em pelo menos R$ 10 bilhões os prejuízos à economia paulista.
Enquanto isso no Rio: a Polícia Militar vai fichar pessoas que forem flagradas em praias e pontos turísticos durante a quarentena. A ação está prevista para durar 15 dias. As imagens vão abastecer banco de dados do Batalhão de Áreas Turísticas (BPTur). Em caso de reincidência, a pessoa será levada para a delegacia.
Em foco: o Estado do Rio contabiliza sete mortes ligadas ao coronavírus e 305 casos de contágio, incluindo um na Cidade de Deus, a primeira favela a registrar uma contaminação. Sem água e esgoto, com muitas pessoas vivendo em um único cômodo e em péssimas condições de higiene, moradores da comunidade relatam preocupação com o vírus.
Enquanto o Congresso negocia a votação de uma série de propostas de impacto econômico e fiscal para enfrentar a crise do coronavírus, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tenta articular a criação de um “orçamento de guerra”, que reuniria despesas emergenciais. O objetivo de Maia é evitar que o Orçamento de 2021 seja contaminado pelo aumento de gastos com a pandemia. No entanto, o texto da proposta gerou discordâncias entre parlamentares. Líderes têm demonstrado insatisfação com a forma como Maia vem conduzindo a crise.
Fique atento: está prevista para hoje a votação de um projeto que institui um benefício de R$ 200 mensais aos trabalhadores informais. Nos próximos dias, a Câmara deve votar o Plano Mansueto, que prevê ajuda federal aos estados que se comprometam em realizar ajustes fiscais.
Em paralelo: a equipe econômica fechou nova proposta para suspender contratos de trabalho, após o presidente Jair Bolsonaro recuar e revogar trecho da Medida Provisória 927. O novo texto reduz a duração da medida para até três meses e exige que o empregador negocie algum auxílio com o funcionário. Também deixa claro que o governo cobrirá despesas com ao menos R$ 15 bilhões.
A única avaliação possível do pronunciamento é de que o país é governado por uma pessoa insana. Como ele não pode ser isolado, Bolsonaro contamina a ação governamental e atrasa as medidas necessárias
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