O Brasil já tem mais casos do novo coronavírus confirmados do que a China, onde a pandemia teve origem, e é a décima nação com o maior número de contágios no mundo — o país já havia ultrapassado os chineses em número de mortes. O Ministério da Saúde confirmou 7.218 casos nas últimas 24 horas, a maior quantidade diária já registrada. Ao todo, o Brasil contabiliza 85.380 infectados e 5.901 óbitos.
O que isso significa: o Brasil tem a maior taxa de contágio do coronavírus no mundo aponta levantamento do Imperial College de Londres. O índice, de 2,8, mostra que cada infectado no país transmite o vírus para quase três outras pessoas. O estudo estima que o país poderá registrar 5.680 mortes na próxima semana.
Reação: A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciências (SBPC) enviou carta ao ministro Nelson Teich (Saúde), cobrando um plano de ação. “Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do Ministério da Saúde se resumirão a informar o número de mortos”, afirmaram os cientistas.
O projeto de ajuda a estados e municípios, elaborado pelo governo e pelo Senado, prevê repasse de R$ 60 bilhões e aval da União para dívidas com bancos privados. Como contrapartida, quer o congelamento dos salários de servidores públicos até dezembro de 2021.
O texto foi apresentado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que, em decisão incomum, assumiu a relatoria do projeto, aumentando a chance de o texto ser aprovado. Do valor total, R$ 10 bilhões serão exclusivos para ações na saúde; o restante será dividido pela metade entre governadores e prefeitos.
O presidente Jair Bolsonaro fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por ter barrado a posse de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal, e disse ter faltado pouco para uma crise institucional no país. “Eu não engoli essa decisão”, declarou Bolsonaro, ao chamar a liminar de Moraes de “canetada”. Também disse, pela manhã, que não será “ um presidente pato manco, refém de decisões monocráticas”.
Reação:os ministros do STF defenderam o colega de Corte. Gilmar Mendes disse que não é aceitável uma “censura personalista aos membros do Judiciário”. Luís Roberto Barroso afirmou que a atuação de Moraes é marcada por “conhecimento técnico e independência”. Edson Fachin e Dias Toffoli também se manifestaram. Associações da magistratura criticaram as declarações de Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai lutar pela nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal, impedida por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após a própria Advocacia-Geral da União, que representa a Presidência, descartar recurso, Bolsonaro afirmou ter ordenado uma contestação ao Judiciário: “Quem manda sou eu”.
O que aconteceu: Moraes atendeu a um pedido feito pelo PDT, que argumentou que a nomeação de Ramagem corroborava as acusações do ex-ministro Sergio Moro sobre a tentativa do presidente de interferir na atuação da PF. Na decisão, o ministro apontou “desvio de finalidade” na nomeação.
Bastidores:a decisão de Moraes dividiu o STF. Parte dos integrantes do tribunal avalia que o ministro levou para a Corte um problema que não era dela, inclusive abrindo brecha para que o STF voltasse a ser alvo de ataques.
A projeção considera as subnotificações — os dados oficiais dizem respeito somente aos doentes graves e mortes entre pessoas que sofreram internação — e coloca o Brasil em patamar de infecções semelhante ao dos Estados Unidos, país mais atingido pelo vírus até agora.
O que está acontecendo: o Brasil atingiu ontem 78.612 infectados e 5.466 mortes. Especialistas reafirmam a necessidade do isolamento social para conter os contágios. “Não estamos nem perto de um pico de casos de doença e morte”, afirma Domingos Alves, da USP.
Panorama: a situação do Rio se agravou com o aumento do desrespeito ao isolamento social, e o estado terá, entre meados de maio e o início de junho, mais pacientes precisando de internação do que vagas em hospitais. Não haverá respiradores para todos. As previsões foram feitas pelo secretário estadual de Saúde do Rio, Edmar Santos, que defendeu a radicalização das restrições.
Apesar do caos, a cidade do Rio tem 1.840 leitos impedidos de receber pacientes por falta de profissionais de saúde, escassez de insumos ou até por terem camas e respiradores quebrados.
A cidade de São Paulo também considera ampliar as restrições, afirma o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, em entrevista. O município registrou aumento de 200% nas mortes em cerca de dez dias e atingiu 75% de ocupação da rede hospitalar.